O átomo cúbico de Lewis

Quem aí já não se sentiu tentado a ensinar a "regra do octeto" de Lewis aos seus alunos?

Aposto que muitos responderam com um sonoro "SIM"!

Pois bem, saibam que o Sr. Gilbert N Lewis nunca falou em uma "regra do octeto". Essa ideia errônea foi propagada pela própria natureza da teoria de Lewis, nascida antes do surgimento da teoria quântica.

Ele baseou-se, principalmente, nas ideias de outro Químico, o Sr. Richard Abegg.
Este dizia que a diferença entre a valência positiva (número de cargas positivas) e a valência negativa (número de cargas negativas) era geralmente 8.

Em geral, para um determinado elemento químico (como o enxofre, por exemplo) a soma do valor absoluto da sua valência negativa (2- para enxofre em H2S) e sua mais elevada valência positiva (6+ de enxofre H2SO4) é geralmente igual a 8. (Exemplo da regra de Abegg, formulada em 1904).

Em 1916, o Sr. Gilbert N Lewis, publicou seu clássico trabalho "O átomo e a molécula", no qual explicita a noção de um átomo cúbico. Para quem não lembra, escrevi um artigo curto sobre o que eu penso acerca da relação geometria e química AQUI. Esse novo post tenta estreitar mais os laços da filosofia antiga com a moderna. Espero que vocês gostem.

O átomo cúbico foi o primeiro modelo atômico no qual os elétrons estavam posicionados em oito cantos de um cubo em um átomo não-polar ou molécula. Esta teoria foi desenvolvida em 1902 por Gilbert N. Lewis e publicado em 1916 no famoso artigo "O átomo e a molécula", ele usou a teoria para explicar o fenômeno da valência. 

A figura abaixo mostra as estruturas para os elementos da segunda linha da tabela periódica.

Cubical atom 1.png

Embora o modelo do átomo cúbico tenha sido logo abandonado em favor do modelo de mecânica quântica baseado na equação de Schrödinger, a teoria de Lewis é de interesse principalmente histórico e representou um passo importante para a compreensão da ligação química. 
 O artigo de 1916 de Lewis também introduziu o conceito de par de elétrons na ligação covalente e o que agora chamamos de estrutura de Lewis.

Ligações no modelo cúbico de átomo

Ligações covalentes simples são formadas quando dois átomos compartilham uma aresta, como na estrutura C abaixo. Isso resulta na troca de dois elétrons. Ligações iônicas são formadas pela transferência de um elétron de um cubo para outro, sem compartilhar uma aresta (A). Um estado intermediário B, onde apenas um canto é compartilhado também foi postulada por Lewis.


Cubical atom 2.png


Ligações duplas são formadas pelo compartilhamento de uma face entre dois átomos cúbicos. Isto resulta no compartilhamento de quatro elétrons:


Cubical atom 3.png


Ligações triplas não podiam ser explicadas pelo modelo do átomo cúbico, porque não há nenhuma maneira de dois cubos compartilharem três cantos. 

 Lewis sugeriu que os pares de elétrons em ligações atômicas têm uma atração especial, o que resulta em uma estrutura tetraédrica, como npróxima figura (a nova localização dos elétrons é representado pelos círculos pontilhados no meio das bordas grossas). 

 Isto permite a formação de um vínculo único, através da partilha de um vértice, uma ligação dupla, compartilhando uma aresta e uma tripla ligação através da partilha de uma face do cubo. 

 Ele também reproduz a rotação livre em torno de ligações simples e também a geometria tetraédrica do metano. 

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Extraordinariamente, pode-se dizer que havia um grão de verdade nesta ideia, porque mais tarde foi mostrado que os resultados do princípio da exclusão de Pauli resultam em um "buraco de Fermi" cuja repulsão decresce entre um par de elétrons com spins opostos no mesmo orbital.

 

Cubical atom 4.png

 

Como essa teoria teve o mérito de explicar a ligação covalente sem recorrer a conceitos complicados da mecânica quântica, foi logo aceito e é ensinado até hoje nas escolas. O problema é que ele falha em explicar compostos de Boro e/ou compostos que aceitam mais do que 8 elétrons na camada de valência.


Isso faz com que muitos professores, apegados ao que eles chamam "regra do octeto", preferem esconder as exceções para não estragar a beleza da tal regra. Só que ela não é uma lei, é uma regra, baseada em uma teoria parcialmente bem sucedida. Não podemos negar a elegância da proposição de Lewis, mas também não podemos atribuir-lhe um caráter de infalibilidade.


Ensinem a teoria de Lewis, mas evitem usar esse termo "regra do octeto", e familiarizem-se com a história da ciência que vocês (eu inclusive) se dedicam a ensinar para evitar de propagar conceitos errôneos.

Para os mais curiosos, o artigo original de Lewis foi publicado aqui:

01/04/1916. "THE ATOM AND THE MOLECULE.

 Journal of the American Chemical Society 38 (4): 762–785.

 doi:10.1021/ja02261a002


FONTES: Wikipedia1, Wikipedia2, História da Química - Um livro-texto para a graduação


Parabéns ao Hubble

 

O Hubble, primeiro telescópio espacial, que revolucionou a astronomia e a compreensão do universo ao transmitir mais de 750.000 imagens espetaculares dos confins do universo, completa neste fim de semana 20 anos de lançamento.

O telescópio foi lançado em 24 de abril de 1990 acoplado ao ônibus espacial americano Discovery, que o colocou em órbita a 600 km de altitude. No entanto, devido a algumas falhas no espelho do telescópio, ele só foi colocado em funcionamento três anos mais tarde.

O telescópio de 12 toneladas e 13,3 metros de comprimento fez 900.000 instantâneas, que permitiram obter 570.000 imagens de mais de 30.000 objetos celestes, alguns deles nos confins do universo.

Graças a ele, os físicos conseguiram confirmar a existência da "matéria escura", que até então era uma hipótese (o cosmos é formado por quase de 5% de matéria visível e 20% de matéria esscura).

Devido à alta resolução das imagens obtidas com o auxílio do Hubble, pequenas proto-galáxias da época em que o universo tinha menos de um bilhão de anos foram assinaladas e a idade do universo pode ser estimada em torno de 13,7 bilhões de anos. 

Ah, e uma grande dúvida da ciência foi respondida: o universo está em expansão, sim. 

"Sem dúvida nenhuma, o Hubble é o instrumento científico mais reconhecido e que deu o maior número de êxitos científicos da historia da humanidade", afirma Ed Weiller, alto funcionário da Nasa.

A missão do ônibus espacial Atlantis permitiu prolongar em pelo menos cinco anos a vida útil do Hubble, à espera do sucessor, o ainda mais telescópio espacial infravermelho "James Webb Space Telescope (JWST)", que tem o objetivo de jogar luz sobre o momento da origem do universo.

O Google, que não é bobo, marcou a data com um logotipo especial na página do seu buscador.

Google comemora aniversário do Hubble

Só nos resta agradecer a esse artefato científico, fruto da engenhosidade humana. Outra hora eu escrevo um pouco mais sobre quem foi a personalidade que emprestou seu nome ao telescópio.


FONTE: Jornal do Brasil Online

Elemento Químico de número atômico 117 é fabricado

Li no ceticismo.net (que leu na Folha de São Paulo) essa notícia, achei curiosa e resolvi repassar a vocês.

O elemento químico de número atômico 117 foi sintetizado em um laboratório dos Estados Unidos (Oak Ridge).

O tempo de decaimento radioativo do elemento é de apenas 78 milissegundos (0,0078 s). Isso significa que o elemento
mal é formado e apenas alguns instantes depois seu núcleo superpesado se divide em fragmentos menores, dando origem
a outros elementos e muita radiação letal.

O mais interessante é que os elementos de números 116 e 118 já haviam sido sintetizados, mas o 117 ainda não.

Pesquisei um pouco mais e achei no radiochemistry.org que os elementos 118 e 117 foram discobertos acelerando-se um raio de criptônio-86 com uma energia de 449 milhões de elétrons-volt e direcionando-o para um alvo de chumbo-208. Essa colisão rendeu núcleos altamente pesados com estados excitados de baixa energia. As técnicas usadas anteriormente geravam núcleos pesados mas com altos estados energéticos, o que inviabilizava a observação dos núcleos pesados 117 e 118.

Cristais armazenam até 1 exabyte de dados

Cristais de dihidrogenofosfato de amônio são a nova aposta da ciência para o armazenamento de dados.

Pesquisadores da Universidade da Florida descobriram que os cristais desse material podem armazenar até 1 Exabyte (1Eib), ou seja, 1.000.000.000.000.000.000 bytes.

É pouco? Isso representa 1.000.000.000 vezes mais que um pen drive de 1Gib consegue armazenar.

Para conseguir esse feito, infelizmente, esse cristal precisa estar a cento e cinquenta graus Celsius negativos. :(

O cristal de dihidrogenofosfato de amônio [(NH4)H2PO4] é multiferroico, ou seja, apresenta propriedades ferroelétricas ou ferromagnéticas de acordo com a temperatura.

Devido às propriedades do material, seria possível construir chips muito menores com eles e, por isso, a capacidade de armazenamento aumentaria muito.

FONTES:

Tabela Periodica das Séries de SciFi

 

Como um grande fã de séries de ficção científica, fiquei bem contente em encontrar essa tabela periodica que lista diversas das séries que eu assisto (ou assistia quando tinha tempo livre na vida).

Destaque para o grupo I da tabela, quase exclusivamente composta pelas séries derivadas de Star Trek.

Divirtam-se identificando as séries ali representadas.

Kinetic Sculpture

Vi esse vídeo em um blog enquanto vagava em busca de assuntos para um post. 

Trata-se de uma máquina desenvolvida para a BMW, composta por 714 esferas presas a cabos muito finos, cada esfera é controlada por um motor independente.

Ao acionar o comando do equipamento, cada esfera assume uma posição no espaço e formando uma escultura tridimensional.

Assista ao vídeo para entender melhor.

P.S.: Eu sei que não tem nada a ver com Química, mas eu achei legal e válido postar aqui.

Experimento que recria o Big Bang é posto em funcionamento hoje

30 anos após a construção do Large Hadron Collider - Grande Colisor de Hádrons - foi finalmente acionado.

Esse equipamento é, na verdade, um longo túnel circular subterrâneo entre a Suíça e a França, de aproximadamente 27 km de circunferência.

No LHC, os cientistas pretendem reproduzir as condições existentes apenas no momento do Big Bang, a grande explosão que ocorreu no início do universo.

Custando algo em torno de US$ 8bi, o LHC tem a possibilidade de recriar buracos negros, o que deixa alguns leigos assustados e com medo de que o equipamento venha a adiantar o fim do mundo.  :)

Os cientistas esperam responder a algumas dúvidas a respeito da origem de tudo no universo.

No dia de hoje, 30 de Março de 2010,  dois feixes de prótons foram acelerados quase à velocidade da luz dentro do ciclotron a fim de sofrer um choque violento (7 eV - elétrons-Volt), em sentidos opostos é claro.

Com o choque, os prótons liberam energia em quantidades maciças e, assim, podem recriar as condições existentes apenas uma fração de segundo após o Big Bang.

“Vamos conseguir analisar a matéria mais profundamente do que jamais conseguimos”, disse Tara Shears, da Universidade de Liverpool, na Inglaterra.

“Poderemos observar do que o universo se constituía bilionésimos de segundo depois do Big Bang”, afirmou.

E, pasmem, a maior e mais intrigante pergunta a ser respondida por esse experimento é:

 

O que é massa?

O modelo mais aceito sobre a formação da massa envolve uma partícula chamada bóson de Higgs, também conhecida como "partícula Deus". Segundo a teoria, as partículas formam sua massa através de interações com o campo que acompanha a partícula Higgs.

E os físicos e engenheiros do LHC ainda planejam uma colisão de prótons ainda maior, para isso eles fecharão o aparelho durante o inverno europeu a fim de prepará-lo para um colisão ainda mais energética. (corrão)

A máquina foi projetada para colidir dois raios de prótons de 7eV, mas os responsáveis pelo laboratório decidiram operar a máquina a meia capacidade até o fim de 2011.

<Curiosidades Adicionais>

De acordo com  a teoria padrão, nosso Universo "saltou" para a existência como uma "singularidade" há 13,7 bilhões de anos atrás.

O que é uma sigularidade e de onde ela veio? Ninguém sabe.

Singularidades são zonas nas quais nosso conhecimento de física é desafiado ao extremo. Alguns acreditam que elas existam no núcleo de buracos negros.

Os buracos negros, por sua vez, são áreas de intensa pressão gravitacional. A pressão é tão intensa que uma quantidade finita de matéria é levada a situações de densidade infinita. Essas zonas de densidade infinita são chamadas de "singularidades". Nosso universo começou como uma singularidade infinitamente pequena, infinitamente quente e inifinitamente densa. Coma ela surgiu? Nobody knows.

Após sua aparição inicial, ele aparentemente inflou-se (o chamado "Big Bang"), expandiu-se e resfriou-se, indo de algo muito pequeno em direção às dimensões e temperatura do nosso universo atual.

O universo continua a se expandir e resfriar até os dias de hoje, e esse é um resumo da teoria do Big Bang que o experimento de hoje pretende começar a resolver e explicar.

Fiquem com um vídeo sobre o LHC:

 
 

FONTE:BBC e The Siasat Daily

Mais sobre os ferrofluidos

Pesquisando um pouco mais pude encontrar outra receita ainda mais fácil de fazer, essa envolve o nosso bom e velho bombril (palha de aço).

Dê uma olhadinha no vídeo a seguir, é autoexplicativo.

Basicamente, ponha fogo em um pedaço de palha de aço (com um isqueiro ou com uma bateria de 9V, por exemplo).

A palha de aço queimada deve ser ralada, a fim de sofrer magnetização. O pó fino obtido deve ser misturado com o óleo de cozinha, dessa forma o ferrofluido é produzido.

No vídeo eles ainda fazem menção a uma terceira forma de produzir o ferrofluido, mas essa forma precisa de uma areia negra que não tenho a mínima ideia do que venha a ser.

A moça do vídeo separa com um ímã as partículas pretas dessa "areia", e essas partículas são usadas para produzir ferrofluido.


FONTE: POPSci (http://www.popsci.com/diy/article/2009-09/making-ferrofluids-work-you)