Impressão 3D e realidade aumentada na busca por novas drogas

A tecnologia que está ajudando pesquisadores a testar potenciais dorgas no laboratório é uma mistura entre impressão tridimensional e realidade aumentada.

Desenvolvida no Scripps Research Institute em La Jolia, Califorina, por grupos que criam modelos físicos de vírus biológicos e então testam-nos usando uma camada de Realidade Aumentada (bruxaria, para ser mais exato).

Arthur Olsen, pesquisador no laboratório de Gráficos Moleculares no Scripps Research Institute, dá uma explicação bem legal sobre como isso funciona no vídeo acima.

Em poucas palavras, os pesquisadores estão basicamente modelando vírus como o HIV em impressoras 3-D, o que habilita-os a "segurar" os vírus patogênicos em suas mãos. Eles então modelam várias moléculas ligantes de proteínas ou enzimas, etc, em 3D e procuram qual a melhor forma de acoplá-las ao vírus.  

Mas além disso, eles podem usar uma simples webcam e um programa de Realidade Aumentada que pode modelar a energia necessária para que certas ligações químicas se formem. Assim, os pesquisadores podem basicamente segurar um vírus e vários potenciais tratamentos diretamente em suas mãos, olhar para a tela do computador, e brincar com diferentes geometrias e energias atrativas para ver quais funcionam melhor. 

 

Vi no PopSci.com que viu no NewScientist.

De onde vem a cor das bolhas de sabão?

Em um post anterior, eu expliquei como funcionam as bolhas de sabão.

Voltando ao assunto, hoje eu vou explicar o porquê daquelas cores tão bonitas que elas costumam exibir.

Sigam lendo o post.

Cor, um dos aspectos mais belos das bolhas, também fornece uma ferramenta extremamente interessante para a medição da espessura do filme de bolhas.

Ondas luminosas, assim como ondas do mar, possuem picos e vales (cristas e depressões). A luz vermelha tem o maior comprimento de onda e o violeta o menor.

Todas as ondas, incluindo a luz, têm uma propriedade curiosa: se duas ondas se combinam, as ondas podem se encontrar crista com vale, cancelando-se mutuamente; 

Quando elas se encontram crista com vale, para cada vibração "para cima" em uma onda, existe uma vibração "para baixo" correspondente na outra onda. Essa combinação de quantidades iguais de "para cima" e "para baixo" causa um completo cancelamento ou interferência. 

A interferência é responsável pelo brilho perolado e lustroso de uma casca de abalone, as belas cores em algumas penas de aves e asas de insetos, e manchas flutuantes de cor em uma camada de óleo sobre uma poça de água parada. Isso é verdadeiro também para as bolhas de sabão.

 

Concha de abalone (haliote)


Asa de um inseto

 

Água contendo uma fina camada de óleo sobre si

Tem mais explicação na sequência....

 #more

A luz branca é formada por todas as cores, todos os comprimentos de onda. Se uma dessas cores é subtraída da luz branca (por interferÊncia, por exemplo) nós vemos a cor complementar. Por exemplo, se a luz azul é subtraída da luz branca, nós enxergamos amarelo. A pele de uma bolha reluz com cores complementares produzidas pela interferência. Se nós tivéssemos que olhar para uma porção ampliada de uma membrana de bolha de sabão, notaríamos que a luz reflete tanto pelo exterior quanto pelo interior da bolha, mas os raios de luz que são emergem do interior da bolha viajam uma distância maior que o raio que são refletidos da parte externa da membrana. Esses raios se recombinam de forma que estão fora de fase (suas cristas e vales não estão em sincronia) e produzem interferências (tanto do tipo construtiva quando do tipo destrutiva). Dada uma certa espessura da membrana da bolha, um certo comprimento de onda será cancelado e sua cor complementar será visualizada. Comprimentos de onda maiores (vermelho) necessitam de uma parede de bolha mais espessa do que os de comprimento de onda mais curtos (violeta). Quando o vermelho é cancelado, ele deixa um reflexo azul-esverdeado.   

400 nm Violeta absorvido, Verde-amarelado observado(λ 560 nm)
450 nm Azul absorvido, Amarelo observado (λ 600 nm)
490 nm Azul-esverdeado absorvido, Vermelho observado (λ 620 nm)
570 nm Amarelo-esverdeado absorvido, Violeta observado (λ 410 nm)
580 nm Amarelo absorvido, Azul-escuro observado (λ 430 nm)
600 nm Laranja absorvido, Azul observado (λ 450 nm)
650 nm Vermelho absorvido, Verde observado (λ 520 nm)

A "pele" de uma bolha reluz com as cores complementares produzidas pela interferência. Se nós olhássemos para uma porção extremamente ampliada da membrana de uma bolha de sabão, nós poderíamos notar que a luz é refletida tanto da parte externa quanto da parte interna dessa membrana, mas o raio de luz que é refletido a partir da superfície interna viaja uma distância maior que o raio refletido a partir da superfície externa da membrana.

Quando os dois raios se recombinam eles podem ficar "fora de fase" um com o outro e produzir uma nova interferência. Dada uma certa espessura de membrana, um determinado comprimento de onda será cancelado e sua cor complementar será vista por nossos olhos.

Comprimentos de onda longos (vermelho) necessitam de uma bolha com paredes espessas para que esse "fora de fase" aconteça. Já para que comprimentos de onda curtos (violeta) possam sofrer esse fenômeno, é necessário uma espessura menor de membrana.

Quando o vermelho é cancelado, ele deixa um reflexo azul-esverdeado. À medida que a bolha afina, o amarelo é cancelado, deixando a cor azul surgir; então o verde é cancelado, surgindo a cor magenta; e finalmente o azul é cancelado, deixando o amarelo aparecer.

Eventualmente a bolha torna-se tão fina que o cancelamento ocorre para todos os comprimentos de onda e a bolha parece ter uma cor negra contra um fundo negro. 

Este surpreendente cancelamento completo é devido à forma diferente com que a luz reflete-se das duas superfícies. Quando a luz é refletida a partir da superfície externa da bolha (uma interface ar-água) a direção de vibração da onda é revertida - todas as vibrações "para cima" são tornadas "para baixo" e vice-versa. 

(Algo similar acontece quando você vibra uma corda afixada em uma parede; o pulso refletido de cabeça para baixo após bater na parede.)

Quando a luz é refletida vindo da superfície interna da bolha (interface água-ar) a direção da vibração não é alterada. Se a membrana da bolha for muito fina, muito menor que o comprimento de onda da luz visível, então os dois raios de luz refletidos sempre se encontrarão crista-com-vale e uma interferência destrutiva é produzida.

Não acontecerá uma reflexão visível, e a bolha parecerá negra. Quando você vir isso acontecendo na superfície de uma bolha de sabão você saberá que a bolha tem uma espessura de apenas pouco mais de UM MILIONÉSIMO DE UMA POLEGADA e irá estourar em breve. 

A luz branca é separada em cores básicas quando refletida a partir de duas superfícies de um filme fino. Quando as duas reflexões interferem construtivamente, elas produzem uma banda de cor. Quando elas intereferem destrutivamente, elas se cancelam mutuamente e aquela cor é subtraída do espectro.

As bandas alternantes de luz e escuridão sobre o filme de sabão são na verdade bandas de cor, produzidas por reflexão e interferência das ondas de luz. As cores dependem da espessura do filme. O filme exibido aqui ao lado está mais fino no topo, tornando-se mais espesso no fundo. Quando a espessura do filme muda, as cores também mudam, formando bandas regulares.

FONTE

Como as proteínas são fabricadas no corpo

Esse vídeo foi indicado pelo meu amigo Kendi.

Trata-se de uma animação/simulação que explica em detalhes a síntese de proteínas no corpo humano.

O nome do vídeo é "Central Dogma" e faz uma referência ao dogma central da biologia estabelecido pelo pai da estrutura em hélice do DNA, o cientista Francis Crick, em 1958.

Nas palavras dele

The central dogma of molecular biology deals with the detailed residue-by-residue transfer of sequential information. It states that information cannot be transferred back from protein to either protein or nucleic acid.

Em português (tradução livre):

O dogma central da biologia molecular lida com a detalhada transferência resíduo-a-resíduo de informação sequencial. Ele estabelece que a informação não pode ser transferida de volta da proteína para qualquer outra proteína ou ácido nucléico.

Em palavras simples: Uma vez que uma proteína é formada a partir da leitura do código genético, ela não pode ser transformada de volta para a forma de DNA.

A informação está "arquivada" em três classes de biopolímeros: 

DNA (ácido desoxirribunocleico)
RNA (ácido ribunocleico) e
Proteínas.

Existem, portanto, 3 moléculas que armazenam informações genéticas. O que dá 3X3 possibilidades de transferência de dados genéticos = 9 formas de transferência de informação.

Geral Especial Desconhecido
DNA → DNA RNA → DNA proteína → DNA
DNA → RNA RNA → RNA proteína → RNA
RNA → proteína DNA → proteína proteína → proteína

 O dogma central estabelece que as informações contidas em proteínas não podem ser passadas adiante.

Agora, vamos deixar de explicações complicadas e assistir ao vídeo que o meu amigo me indicou, ele é bem mais explicativo que esse palavrório todo que eu escrevi aí em cima. 

A natureza da Ligação Química - Linus Pauling

Para quem, como eu, tem interesse em história da Química e nos desenvolvimentos das teorias que hoje usamos corriqueiramente em nossas aulas, o site que eu vou indicar é uma excelente pedida.

Quem é fã de Linus Pauling ou então que não o conhece direito e acha que ele só inventou uma teoria sobre ligações químicas pode aproveitar para se informar mais a respeito de todo o trabalho dele no site da Oregon State University através desse link.

O site conta com mais de 2500 páginas de documentos e artigos escritos por Pauling ou por seus colaboradores.

Além disso, conta com mais de quatro horas de áudio e vídeo de conferências e aulas ministradas pelo próprio.

Vale uma boa e demorada visita.

P.S.:Aproveite para afiar o seu inglês, o site está no idioma de Shakespeare. :)

Pernas de rãs dançantes e a eletroquímica

Preparados para momentos de puro pavor? Parece que descobriram uma maneira de fazer os mortos (pelo menos os peixes e as rãs) voltarem à vida. 

Confira o vídeo "apavorante" abaixo:

Tem um outro vídeo que se vale do mesmo princípio físico-químico, eu achei nesse link aqui.

Acalmem-se, tem uma explicação para essa "volta dos mortos-vivos" e está na continuação do post.

<Dr. Chatoff mode on> 

Não tem nada de misterioso nos vídeos acima, é tudo perfeitamente explicável pela ciência.

Esse fenômeno já é conhecido desde 1791, quando o Sr. Luigi Galvani estava estudando a fisiologia e a anatomia das pernas de rã. (Ele queria provar que os testículos das rãs ficavam nas pernas.)

Ele seccionava algumas pernas de rã com um bisturi metálico, ao mesmo tempo que realizava experimentos com eletricidade estática. O bisturi ficou eletricamente carregado e, quando ele tocou um músculo exposto da perna de uma rã, a eletricidade estática contida no bisturi fez com que a perna se movesse.

Maiores investigações e ele chegou a algumas conclusões que permitiram a ele criar uma teoria em cima desse fenômeno, batizado de bioletricidade ou eletricidade animal.

Mais tarde foi cunhado o termo galvanismo. Atualmente, na biologia, esse tipo de fenômeno é estudados na área de eletrofisiologia.

E o que faz com que a eletricidade do bisturi de Galvani provocasse o movimento dos músculos da perna de rã e que fez com que os peixes do vídeo lá de cima se movam? 

A água contida nos fluidos corporais das pobres rãs contém sais, e esses sais são compostos por íons. (No caso dos peixes, vocês podem ver que tem limão e sal à volta deles, provavelmente o autor do vídeo salpicou nos peixinhos. Além de eles estarem deitados em uma "cama" de folhas de alumínio.)

Os íons são partículas carregadas eletricamente (partículas com excesso ou falta de elétrons). No caso do sal, basta ele entrar em contato com a água para se formarem íons. No caso do limão, uma parte do ácido cítrico (contido no sumo do limão) está dissociada na forma de íons H+ e citrato.

Os íons contidos nos sais ou nos ácidos podem aproximar-se de um metal e trocar elétrons com ele. Nesse processo de troca de elétrons, os íons se movem de um lado para outro e conduzem corrente elétrica.

Em outras palavras, o que acontece ao encostar o metal em uma solução salina ou ácida é que passa a acontecer transporte de elétrons do metal para os íons positivos e vice-versa (dos íons negativos para o metal), fazendo com que surja a nossa tão conhecida corrente elétrica.

O fato é que os músculos funcionam à base de correntes elétricas. Duvidam? Então vocês lembram de alguma vez em que bateram com o cotovelo em uma quina de mesa? Não deu um baita choque em vocês? Isso sem falar na dor, no braço voando longe e no susto, não é?

E tem aqueles aparelhos que se usam em sessões de fisioterapia nos quais o profissional coloca uns fiozinhos em pontos específicos da pessoa e, "do nada", os músculos começam a se mover. Pois bem, aí está uma excelente prova de que os músculos reagem a estímulos elétricos. 

Nossas fibras musculares e a dos sapos e peixes funcionam de maneira similar, graças a duas proteínas fibrosas, a actina e a miosina.

A actina tem quatro principais funções nas células:

  • Formar microfilamento que dão suporte mecânico às células e prover suporte à trasmissão de sinais elétricos aos arredores.
  • Permitir mobilidade celular.
  • Em células musculares, ser uma espécie de esqueleto para a miosina, a qual gera força para suportar a contração muscular. 
  • Eis uma representação em fita da actina.

Já a miosina é uma proteína que contém duas cadeias moleculares, contendo cerca de 2000 aminoácidos, constituída por uma "cauda" e uma "cabeça". A cauda e a cabeça estão enroladas como duas serpentes entrelaçadas entre si. As "cabeças" ligam-se à actina, dando sustentação à ela.

 
Em cada "cabeça", a miosina contem duas outras cadeias, chamadas de "leves". Essas cadeias "leves" têm a função de manter o "pescoço" da miosina unido.

E, finalmente, a "cauda" da miosina é que tem a função que nos interessa. É a "cauda" que media as interações com os íons descritos anteriormente nesse texto. A cauda é, em resumo, a parte responsável pela atividade motora dos músculos.

Essa proteína, em conjunto com a actina, forma as fibras musculares, ou sarcômeros na linguagem especializada. 

A "cabeça" da miosina produz a força que permite ao resto do filamento ("cauda") se mover ao longo dos filamentos de actina laterais em resposta a estímulos eletroquímicos.

E como essas duas proteínas complicadas conseguem reagir a estímulos elétricos? Pesquisei um pouco no youtube e encontrei uma vídeo bem elucidativo.

Agora você já sabe, o que acabamos de descrever aqui é um fenômeno natural, não tem nada de volta ao mundo dos vivos. As pernas de rã e os peixes só estão esticando um pouco as pernas (trocadilho infame) por causa dos sais que os autores dos vídeos salpicaram nelas e ativaram a actina e a miosina ainda não degradadas presentes nas fibras musculares.

<Dr. Chatoff mode off>

Eu tenho um texto em preparação que explica mais cinetificamente a ação dos sais sobre as fibras musculares, uma hora que eu tiver um tempinho sobrando eu posto aqui. 

FONTE