Nigeriano cria uma geladeira que funciona sem eletricidade

Criado em 1976 para promover um espírito de empreendedorismo ao redor do mundo, o Rolex Awards reconhece projetos pioneiros que demonstrem pensamento inovador e contribuem para o aprimoramento da humanidade.

Desde que foi criado, o Rolex Awards já obteve mais de 25800 projetos inscritos e já concedeu 110 prêmios.


O laureado do ano 2000, o Sr. Mohammed Bah Abba (Nigéria), criou um inovador sistema de refrigeração que não utiliza eletricidade e é acessível às mais carentes localidades de seu país. 

 

Mohammed Bah Abba

 

Batizado de "pot-in-pot preservation cooling system", esse sistema é também chamado de "refrigerador do deserto" e utiliza um princípio básico da físico-química para conservar frutas e vegetais sem usar nada de energia elétrica.

Consiste de dois potes de barro cozido de diferentes diâmetros, o de diâmetro menor é posicionado dentro do de diâmetro maior e o espaço entre eles é preenchido com areia.

A areia deve ser mantida umedecida permanentemente a fim de que a refrigeração possa ser mantida.

O pote menor é usado para armazenar as frutas e os vegetais e, por sua vez, é coberto com um pano umedecido.

 

 

A geladeira do deserto funciona por um processo muito simples, a água contida na areia absorve o calor dos alimentos e o calor do ambiente, ao fazer isso ela evapora. O calor retirado dos alimentos é usado para a mudança de estado físico da água (do líquido para o vapor) e, como consequência, a temperatura no interior da geladeira diminui vários graus.

Experimentos realizados pela University of Benin City com um sistema de refrigeração similar ao do Sr. Mohammed mostraram que é possível obter temperaturas de 14 a 20 graus abaixo da temperatura ambiente.

O interessante do trabalho do Sr. Mohammed não foi a invenção do aparato, mas a forma como ele estimulou a população a adotar seu invento. Inicialmente ele presenteava as pessoas com os potes, em seguida ele passou a cobrar um valor próximo ao custo dos potes de barro, a fim de custear novas unidades para diferentes famílias ainda não atendidas pelo invento. A partir do momento em que a invenção foi amplamente aceita pela população, ele assegurou-se que o processo de produção e distribuição fosse auto-sustentável.

As pessoas atendidas pelo invento puderam guardar seus alimentos não mais por TRÊS DIAS, mas por até TRÊS SEMANAS.

Ele merecidamente ganhou o prêmio de 100.000 doletas, aplicou todo o prêmio na produção de novos potes de barro, empregando população local e gerando renda.

Os potes menores são vendidos por US$ 2,00 e os maiores US$ 4,00; um preço bastante acessível para as populações pobres da Nigéria.

<Dr. Chatoff mode on>

Explicação segundo as leis da termodinâmica:

O calor SEMPRE flui do corpo mais quente para o corpo mais frio, é uma lei natural e é SEMPRE observada. Acontece que o corpo mais quente possui moléculas mais desordenadas e agitadas. As moléculas mais agitadas colidem com as paredes do recipiente com maior frequência, transferindo energia cinética. Essa energia cinética vai lentamente sendo transmitida para as moléculas menos agitadas do recipiente com menor temperatura. Ao longo do tempo, a tendência é que as moléculas dos dois recipientes (o quente e o frio) atinjam a mesma temperatura (mesmo grau de agitação térmica).

Como no caso da geladeira do deserto o sistema é aberto, quando as moléculas de água "roubam" calor das frutas e vegetais elas passam mais facilmente ao estado de vapor e escapam para o ambiente, levando o calor das frutas consigo. Por isso a necessidade de molhar continuamente a areia e o pano.

<Dr. chatoff mode off>

FONTE: MDiG